Represa Itamacaoca: volume de água reduziu em 4 metros
Por: Ivandro Coelho - Blog Café Pequeno
Essa é uma preocupação de boa parte da população chapadinhense, que já está sofrendo os efeitos do racionamento implementado pela Caema desde o dia 20 de fevereiro. Em muitas casas, a água não sobe para os reservatórios durante a noite, e as pessoas são obrigadas a buscar outras formas de abastecimento.
O motivo do racionamento foi a redução do nível de água armazenada na represa Itamacaoca, provocado pela escassez de chuvas na região nos últimos anos. Sem a água das chuvas, as nascentes que fornecem vazão para a barragem ficaram sem recarga e sobrecarregadas, o que obrigou os técnicos da Caema a alterar o regime de operação do sistema através de paradas diárias das 23h às 4h30min, além da redução da vazão aduzida de 250 mil para 200 mil litros de água por hora. Isso garante um descanso de 5 horas e meia para a represa e uma economia de aproximadamente 1.100.000 litros de água diariamente.
Mesmo com essa medida emergencial, a situação do abastecimento em Chapadinha ainda é complicada, a ponto de os técnicos não se arriscarem a afirmar com segurança se o município vai ou não ficar sem água nos próximos meses. “Não posso dizer que não vai ter colapso no sistema de abastecimento de água de Chapadinha. Depende muito se vai chover, se vamos ter boa recarga de nascentes, etc.”, declarou o gerente da Caema, Roberval Soares Lima.
Projeto – Em 2011, a Caema elaborou um projeto de ampliação do sistema de abastecimento de água de Chapadinha. Em julho de 2012, o governo federal, via Ministério das Cidades, aprovou a liberação de recursos do Orçamento Geral da União e do Programa de Aceleração do Crescimento para a realização da obra, que custará mais de R$ 26 milhões aos cofres públicos. No Maranhão, somente três municípios – Tutóia, Pinheiro e Chapadinha – foram beneficiados com obras dessa natureza. A iniciativa é necessária porque o sistema atual não atende mais à demanda. A última intervenção no sistema de abastecimento foi realizada em 1982, com uma projeção para apenas dez anos. De lá para cá, a população aumentou. Conseqüentemente, o consumo também cresceu.
O projeto já foi aprovado pela Caixa Econômica Federal e prevê, entre outras medidas, o aumento (ou elevação) da represa Itamacaoca, a construção de uma nova estação de tratamento na área da barragem e a ampliação da rede de distribuição para bairros como Vila Isamara, Cohab, Recanto dos Pássaros, Mutirão e Boa Vista. Esses bairros são abastecidos apenas por poços e chafarizes operados pela prefeitura municipal. Segundo Roberval, a água dessas fontes é jogada diretamente na rede, sem nenhum tratamento ou controle. “O objetivo do projeto é aumentar e equilibrar a distribuição de água, atendendo aos bairros que ainda não foram contemplados pelo sistema de abastecimento”, explicou o diretor da Caema.
Estudo – Além da ampliação da represa, o projeto também prevê a perfuração de quatro poços com profundidade de 400 metros. Isso possibilitará um incremento no volume de água atualmente aduzido e distribuído apenas pela represa. Para isso, técnicos da Coordenadoria de Hidrogeologia da Caema irão propor um estudo para o diagnóstico da formação geológica da região, por meio de um furo guia - estudo estatigráfico com o auxílio da geofísica - de 600 metros de profundidade. O objetivo é definir as camadas permeáveis possíveis de serem captadas. “Isso vai servir de orientação na perfuração dos poços com qualidade de água e vazão suficiente para atender a população”, afirmou o geólogo Guilherme, da Coordenadoria de Hidrogeologia da Caema.
De acordo com o gerente da Caema, em Chapadinha existem vários poços com profundidades variadas (80, 90, 100, 150 metros). Segundo ele, quando o poço é muito raso, apresenta baixa vazão; quando é muito profundo, a água não é boa para o consumo, ou seja, apresenta salinidade. O estudo do solo da região vai orientar os técnicos na perfuração de novos poços. Além da captação flutuante, também estão previstas a construção de reservatórios e redes de distribuição e ligações domiciliares. “Esse projeto vai melhorar consideravelmente o abastecimento de água em Chapadinha”, garantiu Roberval.
*Ivandro Coêlho, é professor e jornalista.