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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Não Soprem ao Fogo Que o Incêndio Já é Grande

A teimosia da modernidade, único critério e referência de tudo, favorece a miopia social e a passividade. Perante uma análise justa, não deixa de aparecer logo uma claque interessada, incômoda como moscas varejeiras, a dizer: "É cultural, agora é moda!".

Gosto das festas juninas. Aprecio imenso o espetáculo das fogueiras, a alegria do povo, as danças típicas, as quadrilhas, o bumba-meu-boi, as bandeirinhas, os enfeites das quadras, as barracas e as comidas típicas. Os pais gostam de trazer as crianças, convive-se, lembra-se o passado, alegra-se a vida, celbra-se a tradição, festeja-se a cultura dum povo.

Recordo com saudade as antigas quadrilhas no Centro Paroquial com noivos a chegar numa carroça, roupas velhas a puxar ao ridículo, gestos lembrando o quotidiano de antigamente, as quadrilhas da Terceira Idade... Mas hoje... ao ver o que se passa nas quadras juninas, sinto-me ofendido, envergonhado, desanimado, revoltado. Já quase não vejo festas juninas.

Agora tudo me cheira a pestilento carnaval, o atrevimento invadiu as quadras, estragou tudo. Pouco mais vejo que um mexe-perna com roupa reduzida, quadrilhas com mini-saia e "tomara-que-caia", amarrações corporais obscenas, bem a deixar que a besta se sobreponha à pessoa, o aproveitamento promíscuo à diversão sadia. Quadrilha antiga? - Já não existe. Agora chamam-lhe: "arrasta pé". Bumba-meu-boi? Agora preferem o "viva o bumbum" de moças descascadas e, em número tão grande, que encurralam o boi num canto da quadra. É a vitória do feminismo na exibição pecuária! Pobre boi que perdeu o valor! Deixou dominar o feminismo na raça.
Danças eróticas, gestos sensuais, libertinagem obscena em que se aproveita tudo para exibir perna, peito e acessórios. É a exibição estúpida, o atrevimento sem vergonha, a volta à cultura selvagem. Ignora-se a história das danças, pisoteia-se a cultura, ofende-se a tradição, despreza-se valores, estraga-se a beleza dum divertimento que até as crianças ficavam como que em êxtase. Agora querem dar oportunidade para a exibição da devassidão pessoal, prefere-se o espontâneo irracional, a perversão social, a promiscuidade... E isto, por vezes, promovido por gente ligada à educação, consentido por pais, silenciosamente, irresponsáveis! Onde está o respeito pela cultura? Como fica a moralidade pública? Onde há autoridades responsáveis, isto merece uma reflexão séria!

Durante a semana, num comércio local, fazia-se publicidade, com exploração sexual de menores, misturada com música brega. Quando me insurgi contra o espetáculo, logo me responderam: "é uma quadrilha!". Que quadrilha aquela! Onde chega a insensatez humana!

E assim se desfaz o esforço educativo de pais e deucadores, de igrejas, famílias e pastorais. Onde estará a responsabilidade educativa? Já não basta a enxurrada da TV, a propaganda da devassidão nas revistas... são as nossas festas populares a engordar os padrões da imoralidade. Não faltará quel fale de modernidade para justificar esta excentricidade! Ruíram as comportas do bom senso, da vergonha e da conveniência social... tudo é permitido para satisfazer a sensualidade. Depois... ainda há quem se admire de sua filha ser estuprada, de professoras serem ameaçadas de tiro por alunos, de se ver promiscuidade a cada esquina da cidade, de divórcios aos montes, de famílias abandonadas pela troca de mulheres?...

À saída de uma quadra ouví, há dias, a conversa de dois velhos sensatos: "mulher é fogo, homem é como cão! Deu certo para fazer inferno!"

Não soprem mais ao fogo que ele, há muito, já virou incêndio.
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In Vida Nova - Boletim Formativo e Informativo das Paróquias de Chapadinha e Mata Roma - Nº 24 - 28/06/2009 - Diretor: Manuel Neves / Diretor-Adjunto: Pedro José - Pastoral da Comunicação

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