Os alunos da UFMA de São
Bernardo (município distante 125 km de Chapadinha) estão acampados, deste ontem (terça-feira, 08) no prédio do campus. Desde a semana
passada as aulas estão paralisadas pela evasão dos discentes, que agora ameaçam
entrar em greve e paralisar de vez as aulas caso suas reivindicações não sejam
atendidas. A revolta dos estudantes é devido a insatisfação com o Projeto
Político Pedagógico (PPP) das licenciaturas interdisciplinares, aprovado
recentemente, e as deficiências na
estrutura do campus.
Na lista de exigências estão a contratação de mais professores, funcionamento dos laboratórios, internet, melhorias no acervo da biblioteca e a garantia de que a segunda licenciatura, prevista no PPP, seja presencial em pelo menos uma disciplina de cada curso.
Na noite desta quarta-feira (09) deverá acontecer
uma reunião entre os estudantes e representantes da reitoria para a negociação
dos problemas elencados pelos estudantes.
Atualmente o campus oferece
três licenciaturas interdisciplinares: ciências humanas (abrangendo história,
geografia, filosofia e sociologia), ciências naturais (matemática, química,
física e biologia) e linguagens e códigos (português, artes, inglês, espanhol,
música e informática).
O PPP inicial previa uma
formação de três anos, onde o aluno estaria apto para ministrar aulas nas séries
finais do ensino fundamental, e uma segunda licenciatura de um ano para dar
aulas também no ensino médio. No entanto foram detectadas várias deficiências no
projeto, entre elas a falta de uma grade curricular mínima, incoerências em
relação à LDB, critérios mal definidos para avaliação dos alunos.
Após várias críticas, a
Pró-Reitoria de Ensino (Proen) convocou representantes de professores e alunos
para discutir os projeto das licenciaturas interdisciplinar. A primeira reunião
aconteceu em Codó, no final de março, onde foram criadas comissões para refazer
o PPP e acertar questões básicas como a inclusão das notas dos alunos no sistema
da UFMA e criação de grades curriculares para os cursos.
O nó da questão se deu em
relação à duração dos cursos. Uma proposta de São Bernardo previa um curso
disciplinar de quatro anos com ênfase em uma disciplina. A outra, articulada
pela Proen, mantinha a ideia inicial de uma formação interdisciplinar de três
anos e uma segunda licenciatura de um ano com formação específica em uma
disciplina. A proposta do Proen acabou sendo aprovada, na reunião que aconteceu
em Bacabal (MA) nos dias 03 e 04 de maio, mas desagradou muitos alunos, em
especial os de São Bernardo, que consideram o tempo de três anos insuficiente
para uma boa formação.
Um grupo de 35 estudantes se
dirigiu a Bacabal para protestar contra a proposta da Pró-Reitoria. Na última
segunda-feira os alunos foram ao Campus vestiram de preto. Em forma de protesto,
pregaram as mesmas faixas que levaram pra Bacabal e realizaram um enterro
simbólico da educação pública de qualidade. Nesse mesmo dia os alunos resolveram
manter a paralisação e acenar para a possibilidade de greve caso a UFMA não
dialogue para atender suas reivindicações.
Extraído do Blog Magalhães Online