"O jornalista e poeta petista Herbert Lago (foto) me escreve solicitando espaço para opinar sobre a possibilidade de o PT vir a compor o governo municipal, nem precisava pedir bastava mandar o texto, ainda assim agradeço a escolha de nosso blog.
Depois de ler as palavras de Herbert, que evidenciam o drama interno, e reconhecendo a importância do partido e seus militantes tanto de um lado quanto de outro que hora divergem, mas que construíram juntos a história do PT e de parte significativa dos movimentos sociais de Chapadinha, só cabe aos de fora, como eu, ficarmos abertos a outras manifestações e tratarmos com absoluto respeito a decisão do partido, qualquer que seja ela. Segue o texto de Herbert."
Caro amigo Alexandre,
bom dia!
Tenho acompanhado o seu blog e vejo artigos de várias pessoas, inclusive sua, opinando sobre a conjuntura politica do PT, alianças e etc. Neste sentido, gostaria que me desse também a oportunidade e publicasse também o artigo em anexo para que os seus leitores tenham a oportunidade de saber um pouco do meu pensamento com relação aos acontecimento politicos de Chapadinha.
Herbert Lago C. Branco
FESTIVAL DE CONTRADIÇÕES E CONTRARIEDADES
Tentei escrever sobre um tema mais ameno, mas confesso que ainda estou aturdido, em estado de choque, com a adesão de uma parcela do PT de Chapadinha ao desgoverno municipal de Danúbia Carneiro e Magno Bacelar.
Não poderia deixar de parabenizar as pessoas lúcidas do nosso partido como: o Paiva, Manim, Chico da Cohab e Ivone, que perceberam o engodo e o equívoco dos companheiros e discordaram em aderir à atual gestão; melhor a discordância exposta ao sol que o consenso falso.
Não é fato que o processo eleitoral tudo desarruma? É um festival de contradições e contrariedades: amigos se tornam inimigos; inimigos viram correligionários; irmãos discutem com irmãos, princípios ideológicos cedem lugar a interesses pessoais e o discurso ético quase nunca coincide com o da prática.
Mas terminado o pleito dos “petistas” para as funções na máquina municipal os companheiros têm o direito de se olhar no espelho, estufarem o peito aliviados, sentirem o doce beijo de Narciso – nem tanto como belo, e sim como contemplados nas secretarias – e se esquecem de reparar que, no fundo do espelho, há pessoas, seus eleitores, a quem estão obrigados a não decepcionar.
Nas últimas eleições de 2010 a Lei da Ficha Limpa já serviu para consolidar na agenda política o espaço de duas bandeiras fundamentais: a ética na política e a honestidade, vistas em outros tempos como acessórias. O mais provável é que nas próximas eleições os eleitores exijam ainda mais dos candidatos compromisso firme com a transparência, a prestação de contas e a probidade. Serão merecedores dos votos de parcelas crescentes desse eleitorado os candidatos que conseguirem comprovar que entraram na política com o objetivo maior de trabalhar pelo nosso município e por uma vida melhor para os cidadãos. Tudo indica que tenderá a ser cada vez menor o espaço dos que se valem da política para conquistar vantagens pessoais.
Esse é, sem dúvida, um processo lento e contraditório de amadurecimento do eleitorado e fortalecimento dos valores associados à cidadania. Pessoas ainda conseguem se eleger comprometidas com a velha lógica do “toma lá, dá cá”, no entanto, temos todas as razões para crer que este é um processo reversível. É necessário também que nossa política seja cada vez mais marcada pelas condutas honestas e afinadas com a lei, em virtude do alto custo moral e econômico da corrupção.
Cheguei à conclusão de que só poderemos vencer o óbvio a partir do momento em que os governantes forem responsabilizados criminalmente pelos seus atos e omissões.
Herbert Lago Castelo Branco