Cerca de 100 mulheres quebradeiras de coco babaçu do município de Itapecuru-Mirim, assinaram dia 21, o estatuto da Cooperativa de Quebradeiras de coco babaçu de Itapecuru-Mirim – COOBAVIDA. Um momento histórico para o movimento das quebradeiras no Estado, pois até então elas estavam organizadas em Associações. Como cooperativadas as quebradeiras agora poderão desenvolver melhor o extrativismo vegetal, a cadeia produtiva e a comercialização do coco babaçu e dos produtos derivados dele.
Para Maria Isabel, quebradeira aposentada, que atualmente desenvolve atividade de beneficiamento do óleo do coco, muita coisa vai mudar na vida das trabalhadoras a partir da Cooperativa. “Comecei antes dos sete anos a quebrar coco, minha mãe e avó eram quebradeiras. Vamos agora poder oferecer mais qualidade para os nossos produtos. Vamos produzir mais e melhor, gerar mais renda e atingir um número maior de trabalhadoras”, refletiu Maria Isabel.
As quebradeiras contaram com o apoio da Fundação Vale para a criação da Cooperativa. A partir também da consultoria do Instituto maranhense Ecovida, foram oferecidos cursos para o melhoramento e adequação do sabonete, do óleo e outros produtos derivados do coco babaçu, compatíveis com as exigências de mercado.
Maria Domingas Pinto Marques, quebradeira eleita democraticamente como Presidente da Cooperativa, compartilhou com as cooperativadas o sentimento de coletividade que deverá ser reforçado a partir de agora. “A gente não está só nesta história. A cooperativa vem unificar o trabalho que já temos através da União do Clube de Mães e da Associação de Quebradeiras de Coco de Itapecuru-Mirim. A gente sabe o amor que a gente tem por isso aqui. Para tudo dar certo precisamos ter energia, companheirismo, confiança, responsabilidade, união e amor. Nós em conjunto chegaremos aonde nós queremos chegar”, disse a quebradeira.
Durante o evento de assinatura do Estatuto da Cooperativa as quebradeiras elegeram os seus conselhos administrativo e fiscal. Uma das exigências das cooperadas foi que todos os cooperados fundadores fossem mulheres. Os homens poderão se cooperativar a partir das próximas assembleias.
A Cooperativa que pretende atender a todo o Vale do Itapecuru e o estado do Maranhão é de natureza mista, podendo vender, além do coco babaçu e seus derivados, hortifrutigranjeiros, peixes, produtos de panificadora, entre outros. Atualmente as quebradeiras comercializam hortaliças, frutas, mesocarpo, pães, bolos e biscoitos, que inclusive são utilizados na merenda escolar do município, através de convênio com o PNAE( programa Nacional da Alimentação Escolar ), do Governo Federal.
Para as quebradeiras de Itapecuru-Mirim – que mesmo em frente a dura realidade da quebra do coco babaçu, seguem sonhando – ser uma cooperada é a realização de um antigo desejo.
“Agradeço a Deus por estar realizando este sonho. Nosso movimento plantou uma semente que gerou uma árvore que precisa ser regada e é isso que vamos fazer”, concluiu Maria Domingas.
Dona Maria Isabel agora com mais forças para continuar na lida com o babaçu resume o espírito de luta das quebradeiras, estas mulheres que persistem no extrativismo vegetal e vem de geração em geração sustentando suas famílias com esta riqueza da natureza brasileira: “ Eu só vou largar o movimento quando eu morrer”.
A atividade extrativista do babaçu realizada e defendida pelas mulheres quebradeiras de coco é além de geração de trabalho e renda empreendedora, uma prática centenária, que vem protegendo nossas matas e bioma Cerrado, fundamental para a sustentabilidade.
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