Deus não é um deus distante e desinteressado.
"No Antigo Testamento, Deus revela-se como Javé, como Aquele que está, que nos acompanha, um Deus amoroso, compassivo e atento à nossa vida. Um Deus que intervém na história humana ativa e gratuitamente. Sua intervenção é sempre anterior aos nossos gemidos e gritos de aflição, é sempre pura iniciativa de Sua graça. Na primeira leitura de hoje, Abrão prostra-se para adorar e rezar. Javé adiantou-se, amou-o de tal modo que até lhe mudou o nome para Abraão e fez-lhe promessas. Javé prometeu e cumpriu. Fez uma aliança com ele e deu-lhe descendentes e uma terra. Tornou-o pai de um povo numeroso. Quando Javé promete, faz. E, ao longo da Bíblia, Ele não dá coisas, dá sempre “alguém”, alguma pessoa que vai executar sua Vontade. Assim deu Abraão, deu Moisés, deu os profetas e, depois deu Jesus Cristo, a Sua Igreja e os santos. Hoje dá-nos a nós que temos que ser parceiros e colaboradores seus. Mas antes de enviar alguém, faz-lhe uma preparação. Moisés, por exemplo, anestesiado pelo ódio, quis libertar o seu povo, matando um egípcio. Só conseguiu medo e viver em perigo de vida. Por isso, foi para longe guardar os rebanhos do sogro. Aí meditou, cresceu, tornou-se livre e santificado, à imitação de Javé que ouve, conhece e desce para salvar. Foi a visão da sarça que ardia e não se consomia que o provocou e uma Palavra divina que ouviu: “Moisés, Moisés”, que o convocou.
A resposta de Deus hoje para as situações de dor e sofrimento que afetam o povo, somos nós. Nós que temos que ser livres e santificados. Quem se sentir chamado a essa missão libertadora tem que se preparar e ter as qualidades necessárias. Esse serviço não é fruto de uma vontade própria, natural. É sempre fruto da Palavra pessoal de Deus que chama e nos constitui em responsabilidade radical, dando-nos sempre a ajuda da Sua graça. Quem se impõe por pretensão própria, inferniza-se e inferniza os outros a quem é enviado.
Paremos um pouco para refletir, para uma pausa interior e ver o que Deus tem para nos dizer com este seu proceder: nossa vida é um chamado de Deus. Todos somos chamados à responsabilidade de uma vocação num emprego, num cargo, numa família, numa missão pública. Somos chamados a proteger a vida em todos os setores que nos encontrarmos. A ajudar sobretudo os mais carentes e desprotegidos. Chamados a zelar a nossa vida, a nossa família, as pessoas com quem nos relacionamos, a sociedade humana em geral. Será que estamos cumprindo essa missão com liberdade e conscientes da responsabilidade de sermos enviados por Deus? Procuramos manter intimidade com Deus ou satisfazemos unicamente nossos caprichos, buscamos realizar nossas teimosias, investimos exageradamente na satisfação de fazer o que nos dá prazer, mais poder e possibilidades de acumular dinheiro, tornando-nos insensíveis às necessidades dos outros?
Para sermos competentes na nossa missão temos que, aceitar fazer uma série de faxinas: 1º - uma faxina espiritual. Não podemos arrumar o espírito e viver só a nível corporal. Não somos só matéria nem nascemos para nos circunscrever a este tempo que passa. Não nos é lícito enterrar nosso viver no material, no consumismo, na vaidade e no charme. 2º - uma faxina da nossa dimensão relacional. Julgarmo-nos, vaidosamente tão espertos que os outros não contam para nada. Impor nosso ponto de vista como se fossemos uma reserva aprimorada de saber iluminado e pensar que o que fazemos ninguém nota nem vê, isso é sinal de enorme infantilidade que só deseja elogios. 3º faxina do nosso tempo. Temos que rever onde gastamos nosso tempo, o que é importante para nós, o que fazemos a serviço dos outros. O Evangelho nos lembra que seremos julgados pelas obras sociais que fizermos. Pensar só em nós, explorar os outros para amontoar mais, isso é diabólico e mete-nos no inferno a começar já agora. 4º - faxina material. Analisar os empecilhos que nos prendem ao amor próprio, ao egoísmo, à ganância, à preguiça (há quem queira descansar só porque está cansado de não fazer nada!).
Mas no Evangelho temos também uma Palavra muito séria. Jesus se afirma como Deus, pré-existente a tudo, bom e necessário para ser aceito por todos os seres humanos.. Além disso, censura os judeus que, com mil argumentos, não O aceitam e O vão condenar e matar. Também aqui temos importante espaço para refletir:
Quem é Jesus para mim? Se digo que Ele é Deus, que é o Salvador da humanidade, porque lhe dou tão pouca importância? Quanto tempo dou para saber notícias Suas, para conhecer seu ponto de vista sobre minha vida, para preparar o encontro que vou ter com Ele e que vai decidir minha eternidade...? Jesus é para mim, apenas motivo de folia algumas vezes por ano? Estamos integrados em alguma comunidade onde Ele se faz presente e que celebra, reflete e procura viver seu projeto de amor? Investimos no esforço para melhorar o mundo nos ambientes em que vivemos e dar felicidade a quem vive em piores circunstâncias que eu? Ou, pelo contrário, penso demasiado em mim, em acrescentar coisas ilícitas ao que já possuo, em me realizar em coisas que o tempo vai terminar e de nada me vão valer para a eternidade? Urgente eternizar este tempo! Necessário fazer render os dons que Ele me deu! Sua sabedoria divina não quadra com a sabedoria humana. Às vezes até dá vontade de dizer que Cristo teve defeitos incorrigíveis, mas a isso O levou Seu amor. Amava todos e esquecia rápido o mal que lhe faziam. Perdoou a Madalena, a Pedro e até ao ladrão na cruz. Como nos custa a nós perdoar e como nos vingamos de quem nos persegue! Cristo não aproveitou a oportunidade que o diabo lhe ofereceu para possuir todos os reinos da terra, não tinha onde reclinar a cabeça e exigiu isso aos seus seguidores, não amontoou bens para se poder defender na hora da condenação. E nós tantas vezes dizemos que pessoas constituídas em autoridade não devem ser estúpidas e devem aproveitar a oportunidade para enriquecer. Jesus parece até não perceber muito de economia, porque multiplicou pães em demasia, a ponto de sobrarem doze cestos. E entregou a bolsa do dinheiro do grupo a Judas. Mas não permitiu que se perdesse nada. Mandou recolher o que sobrou. Foi poupado.Para nos dar a lição de não andar a desperdiçar dinheiro com coisas supérfluas e esquecer as mais urgentes como saúde pública que é o assunto da campanha da Fraternidade deste ano. E se confiou a Judas o dinheiro do grupo foi para experimentá-lo e dar-lhe a oportunidade de se converter. Porque ele continuou a roubar, o seu fim foi à perdição e terminou matando-se dependurado. Ainda hoje, Ele confia-nos dinheiro, mas temos que prestar contas, senão nosso fim será igual ao de Judas.
"No Antigo Testamento, Deus revela-se como Javé, como Aquele que está, que nos acompanha, um Deus amoroso, compassivo e atento à nossa vida. Um Deus que intervém na história humana ativa e gratuitamente. Sua intervenção é sempre anterior aos nossos gemidos e gritos de aflição, é sempre pura iniciativa de Sua graça. Na primeira leitura de hoje, Abrão prostra-se para adorar e rezar. Javé adiantou-se, amou-o de tal modo que até lhe mudou o nome para Abraão e fez-lhe promessas. Javé prometeu e cumpriu. Fez uma aliança com ele e deu-lhe descendentes e uma terra. Tornou-o pai de um povo numeroso. Quando Javé promete, faz. E, ao longo da Bíblia, Ele não dá coisas, dá sempre “alguém”, alguma pessoa que vai executar sua Vontade. Assim deu Abraão, deu Moisés, deu os profetas e, depois deu Jesus Cristo, a Sua Igreja e os santos. Hoje dá-nos a nós que temos que ser parceiros e colaboradores seus. Mas antes de enviar alguém, faz-lhe uma preparação. Moisés, por exemplo, anestesiado pelo ódio, quis libertar o seu povo, matando um egípcio. Só conseguiu medo e viver em perigo de vida. Por isso, foi para longe guardar os rebanhos do sogro. Aí meditou, cresceu, tornou-se livre e santificado, à imitação de Javé que ouve, conhece e desce para salvar. Foi a visão da sarça que ardia e não se consomia que o provocou e uma Palavra divina que ouviu: “Moisés, Moisés”, que o convocou.
A resposta de Deus hoje para as situações de dor e sofrimento que afetam o povo, somos nós. Nós que temos que ser livres e santificados. Quem se sentir chamado a essa missão libertadora tem que se preparar e ter as qualidades necessárias. Esse serviço não é fruto de uma vontade própria, natural. É sempre fruto da Palavra pessoal de Deus que chama e nos constitui em responsabilidade radical, dando-nos sempre a ajuda da Sua graça. Quem se impõe por pretensão própria, inferniza-se e inferniza os outros a quem é enviado.
Paremos um pouco para refletir, para uma pausa interior e ver o que Deus tem para nos dizer com este seu proceder: nossa vida é um chamado de Deus. Todos somos chamados à responsabilidade de uma vocação num emprego, num cargo, numa família, numa missão pública. Somos chamados a proteger a vida em todos os setores que nos encontrarmos. A ajudar sobretudo os mais carentes e desprotegidos. Chamados a zelar a nossa vida, a nossa família, as pessoas com quem nos relacionamos, a sociedade humana em geral. Será que estamos cumprindo essa missão com liberdade e conscientes da responsabilidade de sermos enviados por Deus? Procuramos manter intimidade com Deus ou satisfazemos unicamente nossos caprichos, buscamos realizar nossas teimosias, investimos exageradamente na satisfação de fazer o que nos dá prazer, mais poder e possibilidades de acumular dinheiro, tornando-nos insensíveis às necessidades dos outros?
Para sermos competentes na nossa missão temos que, aceitar fazer uma série de faxinas: 1º - uma faxina espiritual. Não podemos arrumar o espírito e viver só a nível corporal. Não somos só matéria nem nascemos para nos circunscrever a este tempo que passa. Não nos é lícito enterrar nosso viver no material, no consumismo, na vaidade e no charme. 2º - uma faxina da nossa dimensão relacional. Julgarmo-nos, vaidosamente tão espertos que os outros não contam para nada. Impor nosso ponto de vista como se fossemos uma reserva aprimorada de saber iluminado e pensar que o que fazemos ninguém nota nem vê, isso é sinal de enorme infantilidade que só deseja elogios. 3º faxina do nosso tempo. Temos que rever onde gastamos nosso tempo, o que é importante para nós, o que fazemos a serviço dos outros. O Evangelho nos lembra que seremos julgados pelas obras sociais que fizermos. Pensar só em nós, explorar os outros para amontoar mais, isso é diabólico e mete-nos no inferno a começar já agora. 4º - faxina material. Analisar os empecilhos que nos prendem ao amor próprio, ao egoísmo, à ganância, à preguiça (há quem queira descansar só porque está cansado de não fazer nada!).
Mas no Evangelho temos também uma Palavra muito séria. Jesus se afirma como Deus, pré-existente a tudo, bom e necessário para ser aceito por todos os seres humanos.. Além disso, censura os judeus que, com mil argumentos, não O aceitam e O vão condenar e matar. Também aqui temos importante espaço para refletir:
Quem é Jesus para mim? Se digo que Ele é Deus, que é o Salvador da humanidade, porque lhe dou tão pouca importância? Quanto tempo dou para saber notícias Suas, para conhecer seu ponto de vista sobre minha vida, para preparar o encontro que vou ter com Ele e que vai decidir minha eternidade...? Jesus é para mim, apenas motivo de folia algumas vezes por ano? Estamos integrados em alguma comunidade onde Ele se faz presente e que celebra, reflete e procura viver seu projeto de amor? Investimos no esforço para melhorar o mundo nos ambientes em que vivemos e dar felicidade a quem vive em piores circunstâncias que eu? Ou, pelo contrário, penso demasiado em mim, em acrescentar coisas ilícitas ao que já possuo, em me realizar em coisas que o tempo vai terminar e de nada me vão valer para a eternidade? Urgente eternizar este tempo! Necessário fazer render os dons que Ele me deu! Sua sabedoria divina não quadra com a sabedoria humana. Às vezes até dá vontade de dizer que Cristo teve defeitos incorrigíveis, mas a isso O levou Seu amor. Amava todos e esquecia rápido o mal que lhe faziam. Perdoou a Madalena, a Pedro e até ao ladrão na cruz. Como nos custa a nós perdoar e como nos vingamos de quem nos persegue! Cristo não aproveitou a oportunidade que o diabo lhe ofereceu para possuir todos os reinos da terra, não tinha onde reclinar a cabeça e exigiu isso aos seus seguidores, não amontoou bens para se poder defender na hora da condenação. E nós tantas vezes dizemos que pessoas constituídas em autoridade não devem ser estúpidas e devem aproveitar a oportunidade para enriquecer. Jesus parece até não perceber muito de economia, porque multiplicou pães em demasia, a ponto de sobrarem doze cestos. E entregou a bolsa do dinheiro do grupo a Judas. Mas não permitiu que se perdesse nada. Mandou recolher o que sobrou. Foi poupado.Para nos dar a lição de não andar a desperdiçar dinheiro com coisas supérfluas e esquecer as mais urgentes como saúde pública que é o assunto da campanha da Fraternidade deste ano. E se confiou a Judas o dinheiro do grupo foi para experimentá-lo e dar-lhe a oportunidade de se converter. Porque ele continuou a roubar, o seu fim foi à perdição e terminou matando-se dependurado. Ainda hoje, Ele confia-nos dinheiro, mas temos que prestar contas, senão nosso fim será igual ao de Judas.
Chapadinha faz 74 anos. Eu tenho 70. Somos os dois quase da mesma idade. E somos amigos. Vivo aqui há 34 anos. Apaixonei-me por Chapadinha ainda moça, até lhe chamavam a Princesa do Baixo Parnaíba. Vim de outras terras, tendo outros hábitos e educado familiarmente com exigências de verdade e sinceridade. Por minha vocação missionária, sou sensível aos mais carentes.
Sofri e sofro ao ver Chapadinha sem uma administração transparente, uma Chapadinha explorada até pelos eleitores a quem se habituou a dar o que se retira dos cofres públicos, uma Chapadinha sem rumo histórico de futuro risonho, sem a dedicação organizada e eficiente do legislativo. Sair do coronelismo e do abuso do poder, trabalhar pela reforma agrária, educar o povo na solidariedade de pequenos povoados e comunidades cristãs, criar o sentido da participação social e política... foram e são ainda etapas difíceis do desenvolvimento deste Município.
Hoje vejo Chapadinha crescer, mas sem uma agricultura familiar sustentável, sem saber o que vai acontecer a um povo que aqui se amontoa, mas sem uma empresa, sem segurança, sem estruturas básicas, sem futuro à vista. No conjunto que foi inaugurado com 1000 casas, além Areal, não há lugar para uma guarita policial nem para uma igreja católica. Virá o eucalipto para acabar com a pouca água do cerrado e desertificar nossas terras?
Chapadinha vai ser monitorizada pelo Ministério do Ambiente por ter desmatamento exagerado. Neste ambiente não devia haver lugar para a acomodação. Da minha parte e dos meus colegas de Instituto prometemos trabalhar para revelar o Deus escondido que cada um traz dentro de si. Estamos velhos e cansados de abrir caminhos de esperança, de fazer construções, de percorrer de motorizada e de jeep esses péssimos caminhos do interior, de organizar comunidades e de gastar o que nossas famílias nos deram e dão para bem deste povo.
Me indigno ao ver tanta miséria nos bairros e haver gente que ganha dezenas de milhares por mês e não se contenta só com isso. Confesso que nunca bati à porta de nenhuma autoridade a pedir dinheiro. Tenho visitado a Prefeitura mas a pedir direitos e explicações necessárias a meus deveres de pároco. Nos últimos dois anos, a paróquia construiu e inaugurou quatro enormes igrejas, fez um centro em Terras Duras e tem outro, no Novo Castelo, prestes a ser inaugurado. No interior temos 126 comunidades, com pequenos lugares de culto que são visitados periodicamente com enorme sacrifício pelo mau estado dos caminhos.
Não temos carros novos. Dois foram adquiridos há 23 anos, um em segunda e outro em terceira mão. Tentamos e muito conseguimos ao querer resgatar o sentido evangélico e apostólico da festa da Padroeira e a dos Padroeiros nos bairros. Agradecemos a juizes e promotores que nos ajudaram. Mais tarde e demoradamente à Câmara. Tudo isto é obra de uma comunidade amiga e cristã a quem desejo agradecer. Nunca pudemos contar com a compreensão e auxílio das autoridades em exercício. Mas também isso agradecemos porque nos deu mais liberdade de ação e consciência do dever na educação popular.
Quero hoje rezar por toda esta gente com quem trabalhei e trabalho. Pelos vivos e por aqueles que o Pai já chamou. Por todos vós que sois hoje minha famíliaa e que vivemos nesta terra onde é difícil viver e até morrer, embora haja muitas covas por aí até nas estradas, mas onde falta um hospital decente e um cemitério Municipal. Isso eu não esqueço diariamente".
Quero hoje rezar por toda esta gente com quem trabalhei e trabalho. Pelos vivos e por aqueles que o Pai já chamou. Por todos vós que sois hoje minha famíliaa e que vivemos nesta terra onde é difícil viver e até morrer, embora haja muitas covas por aí até nas estradas, mas onde falta um hospital decente e um cemitério Municipal. Isso eu não esqueço diariamente".
Extraído do Blog da Paróquia de Chapadinha