Aos chapadinhenses!!!
Foi com júbilo que recebi notícias da primeira grande festa de formatura da Universidade Federal do Maranhão – Campus IV -, em Chapadinha. Não poderia ser diferente, trata-se de um sonho em tempos difíceis, mas, graças a DEUS, ao empenho de um grupo de pessoas e alguns políticos, podemos sorrir diante dos acontecimentos e do que poderá vir acontecer.
Sei que poderá soar como “exibicionismo” narrar a história de conquista de reabertura do Campus IV. No entanto, precisamos relembrar os acontecimentos e registrá-los, de modo que seja conhecida por quem interessar.
Os anos eram difíceis em Chapadinha, vivia-se sob um regime “ditatorial”, as instituições públicas eram corroídas pela corrupção financeira e funcional, não existiam quaisquer políticas públicas locais, muito menos voltadas para educação, paga-se bem menos que um salário mínimo aos funcionários públicos municipais, mesmo diante de década da Constituição Republicana de 1988, além do infortúnio de meses de atrasos de salários, dentre outros absurdos. Mas, a força de algumas pessoas, conscientes de suas responsabilidades frente ao futuro de Chapadinha, firmou um pacto pela reabertura do Campus IV.
O primeiro ato, realizado na Praça Cel. Luís Vieira, durante três dias, colheu milhares de assinaturas de pessoas simples, empresários, políticos, mas, sobretudo, da ansiosa classe estudantil, com o intuito de apresentarmos ao então secretário de Educação do Maranhão, Gastão Vieira, nosso honroso pleito e sensibilizá-lo, até porque foram colhidas outras tantas assinaturas nos municípios circunvizinhos.
Antes, porém, vale registrar a passagem do ministro da Educação, do governo Itamar Franco, – Murilo Hingel –, por Chapadinha, ocasião em que nos foi dito, textualmente, da inviabilidade de reabertura do Campus IV pela União, face às conjunturas políticas e administrativas vivenciadas à época. Época, para quem não recorda, do impeachment do ex-presidente Collor de Melo. Aconselhou-nos, então o ministro, que reivindicássemos junto ao governo estadual um convênio com a Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, como estava acontecendo em Santa Inês e Codó.
Diante dos fatos, buscamos seguir o conselho ministerial. Depois de muito custo, fizemos a exposição de nossos interesses ao secretário Gastão Vieira, mostrando-se atencioso e interessado, ainda que o ambiente não fosse dos mais apropriados ( festa da padroeira de São Bernardo ). Dada a dificuldade em estar novamente com o respeitado secretário, buscamos outro caminho: a governadora Roseana Sarney.
Em uma de suas visitas ao nosso município, através dos candidatos ao cargo de deputado estadual – Antônio Pontes de Aguiar e Magno Bacelar -, conseguimos ter acesso à governadora e fizemos uma exposição de motivos pela reabertura do Campus IV, através de convênio entre as universidades Federal e Estadual. No entanto, ficou acordado de que discutiríamos a proposta em outra ocasião, de maneira mais formal. Fato que não se confirmou.
Mesmo diante das promessas não cumpridas, o sonho continuava a povoar nossas vontades. Naturalmente, o tempo passava e o Campus IV continuava sendo subutilizado, porém com agravante: utilizado para promoção de invasões de sua área.
Quando de nova eleição estadual, isso quatro anos depois de nosso encontro com a candidata Roseana Sarney, fomos convidados ao Palácio dos Leões, na presença do governador José Reinaldo Tavares, que se preparava para concorrer à reeleição, onde foi tratado do assunto. Infelizmente, mais uma vez, prometido e não cumprido. Nessas alturas, dado ao convívio diário com o prefeito Magno Bacelar, sedimentamos o caminho de reabertura da UFMA de Chapadinha. Nós, incentivando-o e ele, por intermédio do senador José Sarney e do deputado federal Gastão Vieira – ex-secretário estadual de Educação -, membro da Comissão de Educação na Câmara Federal, foi-se, paulatinamente, conquistando a reabertura do Campus IV de Chapadinha. Nesse período, outros tantos encontros, com autoridades estaduais e universitárias, inclusive da UFMA, foram realizados, sempre nós e o então prefeito de Chapadinha.
Claro que não fomos os articuladores desta que considero a maior e mais significante obra do governo federal em toda nossa história republicana, na nossa região. Mas, ao nosso entender, criamos os mecanismos populares para reivindicarmos e sermos contemplados. Criou-se um ambiente favorável de uma sociedade desejosa por conhecimento, até porque a região florescia nos campos agrícolas e o meio político reconhecia a necessidade de uma universidade que a contemplasse, ante seus 500 mil habitantes.
Por isso, antes de mencionar as pessoas que diretamente contribuíram para o sonho tornar-se realidade, registro o meu desagravo pelo pouco valor dado a essa HISTÓRIA. Aliás, nenhuma consideração, nem um registro... mesmo por parte daqueles que a conhecem. Mas, não tem importância, a vida continua, outros sonhos virão... outras lutas e pessoas serão esquecidas.
Parabéns à direção do Campus IV da Universidade Federal do Maranhão, aos seus funcionários, aos formandos e, principalmente, aos formandos chapadinhenses e familiares - a história viva de um sonho!!!!!
Ponderamos, entretanto, que outros desafios são postos e recorrentes para que tornemos o Campus IV uma realidade próspera, dentre os quais destacamos a necessidade urgente de transporte público e, principalmente, de melhor qualificação na educação fundamental e média, de melhores condições de trabalho aos nossos abnegados professores e de salários mais dignos. O estado brasileiro precisa acordar para tais necessidades, sob pena de ficarmos “atolados” no subdesenvolvimento.
Por fim, à Associação Cangaia, à Alainne Monteles, ao Chico da Cohab, à Eliane Pestana, à Graça Marinho, ao radialista Jota Coutinho, ao Manin do Real Brasil, à Maria Coelho, ao Movimento de Resgate da Cidadania, à inesquecível Neném Coelho, aos políticos envolvidos diretamente com essa causa ( Gastão Vieira e Magno Bacelar ), ao Raul Andrade, à Rádio Mirante, ao Raimundo Gomes Neto ( Axixá ) e a todos que, de alguma forma, participaram desse SONHO, obrigado!!!!!
Respeitosame nte!!!!
Delmar Carneiro Pessoa Júnior, um sonhador.