A escolha do local para a edificação de um empreendimento industrial deveria ser objeto de uma ampla e profunda análise socioeconômica que, realmente, enumerasse os prós, os contras e as contradições da sua instalação em uma determinada região. No entanto, em qualquer análise prevalece a parte econômica sobre a parte social e esse prevalecimento se conforma na absoluta valorização de números e de conceitos completamente desafeitos a e desafetos da realidade local.
Os números e os conceitos fazem que as pessoas enxerguem a realidade pelas lentes da “imparcialidade”. A Justiça é cega e como tal não enxerga para onde pende a sua balança o que comprovaria que a “imparcialidade” pertence ao mundo das ideias e do conhecimento. A “cegueira” da Justiça obriga que ela apreenda a realidade a partir dos seus outros sentidos, principalmente, a audição. “Ouvir as partes”. Assim a Justiça se posiciona para realçar o contraditório e sanar a dúvida.
Os números e os conceitos fazem que as pessoas enxerguem a realidade pelas lentes da “imparcialidade”. A Justiça é cega e como tal não enxerga para onde pende a sua balança o que comprovaria que a “imparcialidade” pertence ao mundo das ideias e do conhecimento. A “cegueira” da Justiça obriga que ela apreenda a realidade a partir dos seus outros sentidos, principalmente, a audição. “Ouvir as partes”. Assim a Justiça se posiciona para realçar o contraditório e sanar a dúvida.
Contraditoriamente, a “imparcialidade”, pertencendo ao mundo das idéias e do conhecimento, disponibiliza, no máximo, um atestado de boa conduta para aquele que se insinua ou para aqueles que se insinuam por esse mundo das ideias e do conhecimento.
Poderia se dizer que a “imparcialidade” não é nada mais nada menos do que a venda que cega a Justiça para o mal que a acomete. A Justiça nasceu cega. “O mal da cegueira” acompanha a humanidade por séculos. As peças de William Shakespeare versam, em parte, sobre esse mal e como o homem ao ficar “cego” pela paixão, pelo ódio, pelo poder e pelo conhecimento, enlouquece simplesmente para saborear a insanidade.
A Suzano Papel e Celulose preteriu o município de Urbano Santos em favor do município de Chapadinha em sua decisão de qual seria o melhor local para a instalação de sua fábrica de pellets. Os moradores de Urbano Santos, Chapadinha, Santa Quitéria ou qualquer outro município do Baixo Parnaiba maranhense “enxergaram” o seu futuro em uma fábrica de pellets como as bruxas “enxergaram” o futuro de Macbeth? “A visão” ou “a cegueira” proporcionada pela fábrica da Suzano foi assinada em baixo pelos políticos e por segmentos da sociedade civil que como sempre veem mais os números e os conceitos trazidos por alguém de fora do que os números e conceitos destilados por alguém de dentro.
Do ponto de vista econômico, a Suzano selecionou Chapadinha por esta se situar num ponto de convergência com relação aos demais municípios do Baixo Parnaiba. Sem contar com a pressão política exercida pela família Bacelar e pelo grupo Sarney. O povo de Urbano Santos acusa a Suzano de traição por conta dos quase trinta anos de devastação das Chapadas do município. Faz um tempo que esse agravante deixou de ser privilégio para um município só.