
Educação
A saúde e a educação são os alvos preferidos para as fraudes nos municípios maranhenses investigados pela Polícia Federal. Em Senador La Rocque, o dinheiro enviado pela União para a construção de uma creche, locação de veículos para transporte de estudantes e a aquisição de merenda escolar teve outro rumo. A investigação feita pela PF constatou que pelo menos 15 licitações foram fraudadas, dando um prejuízo ao erário de R$ 4,5 milhões. A apuração policial constatou, por exemplo, que uma engenheira encarregada de fiscalizar as supostas obras era irmã de outra engenheira responsável pela empresa vencedora das licitações. Mas as irregularidades não pararam por aí. A investigação mostrou que a firma vencedora do certame subcontratou a construtora que havia perdido a licitação. Para a CGU, ficou claro o conluio para o direcionamento dos resultados do processo. Proporcionalmente, em dois anos, o Maranhão foi o estado onde a Polícia Federal prendeu mais prefeitos. Na primeira fase da Operação Rapina, pelo menos nove foram parar na cadeia. Nas outras etapas, foram mais quatro. No total, 140 pessoas foram detidas, número superior a muitas ações de grande porte desencadeadas pela PF pelo país. Na quinta-feira (05), os investigadores ouviram o depoimento de pelo menos 23 presos, sendo que dois deles foram liberados em seguida por terem aceito a delação premiada. Com isso, a PF obteve novas informações sobre o esquema de desvio de dinheiro, o que poderá gerar uma quarta investigação, capaz de identificar mais municípios fraudadores.
O impacto
Segundo a Polícia R$ 1,5 bilhão teriam sido desviados dos cofres nas prefeituras maranhenses
O número
Se os números da Polícia Federal mostram um elevado índice de fraudes nas prefeituras do interior maranhense, as estatísticas do Tribunal de Contas da União (TCU) não ficam atrás. Em pouco mais de um mês, pelo menos 50 ex-prefeitos foram condenados a devolver dinheiro público. Os valores variam de R$ 10 mil a R$ 500 mil, mas nem sempre retornam aos cofres da União, como deveria acontecer. O processo lento e a falta de punição aos responsáveis muitas vezes tornam as punições apenas administrativas e nunca penais. Nos casos apurados pelo TCU os problemas também são relacionados com recursos da educação e saúde, principalmente na área de saneamento básico, que movimenta dinheiro da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Segundo o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, em muitos casos as irregularidades acontecem por falta de habilitação de servidores dos pequenos municípios para lidar com licitações.
Correio Braziliense