Dewis Caldas - Documentarista
Não sei nem como explicar as sensações que tive em exibir o documentário sobre o Tonny Cajazeira no festival de música tradicional Palheta Bendita, nesta semana. Havia lá um público muito seleto: investigadores, músicos, construtores de instrumentos, entendedores da cultura popular e demais interessados na pespectiva tradicional. Um público despido de qualquer preconceito quanto aos gêneros populares brasileiros, que se afeiçoou do personagem Tonny e se entregou ao seu jeito e estilo. Deram gargalhadas, se balançaram na cadeira ao som das músicas, se emocionaram e - por fim - apaludiram.
Após o filme, vieram conversar conosco, dando suas impressões do quanto acharam valioso este músico, do quanto representra a música brasileira, e sobretudo, a simplicidade tão marcante. Pra nós foi emocionante. Gostaria de que o próprio Cajazeira ouvisse tudo o que dizem a seu respeito e sobre sua arte. E mais, queria muito que os chapadinhenses ouvissem com atenção o que os intelectuais acham da obra desde grande músico da nossa terra. Ficariam orgulhosos. Mostrar imagens de Chapadinha, das coisas desta terra maravilhosa é algo que não consigo explicar. A cada exibição fico emocionado, é como se contasse a minha história também.
Me remeto as idas escondidas com amigos tomar banho na Itamacaóca, no Recanto da Jussara, no Repouso do Guerreiro, ou então jogando bola na praça da Bandeira em dias de chuva. É como se o filme não fosse feito por mim, mas sim, ganhou vida, a vida de todos nós chapadinhense, nossa história, nosso lugar. Ao final, gravamos um depoimento do músico e compositor Carlos Carneiro, que disse coisas como "O Tonny é duma riqueza, duma simplicidade... Como dizem os maiores estudiosos de música que conheci na vida: deve-se cultivar a simplicidade, mas até chegar lá é muito difícil e este homem nos demonstrou isso, nos deu uma grande lição hoje..."
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