Motim começou porque um equipamento sonoro foi retirado da cela 2 por um carcereiro. Os presos também reclamam das condições em que estão acomodados.
Um preso que cumpre pena pela Lei Maria da Penha foi amarrado e ameaçado de morte, na noite dessa segunda-feira (26), durante uma rebelião na Delegacia de Buriti-MA. Os detentos se revoltaram com a retirada de um aparelho sonoro da cela 2 e também, segundo alegavam aos gritos, pela falta de água.
Por volta das 20h30, gritos e batidas nas grades da cela chamaram a atenção dos moradores próximos que alertaram a polícia e a redação do blog. Assim que o Correio Buritiense chegou à Delegacia, a polícia ainda não estava presente. As queixas e ameaças dos presos foram registradas pelo blog.
A todo instante eles reclamavam das condições da cela, da comida, da ausência de água e do tratamento suspostamente “agressivo” recebido por um carcereiro que não teve o nome divulgado. Eles também tocavam fogo em papéis e lançavam ao quintal, através de uma pequena abertura para ventilação na parede voltada para área onde existiam carros. Pouco depois chegaram PM, Polícia Civil e Guarda Municipal para conter a revolta. Também foi enviado reforço policial do município de Anapurus, a 45,2 km de Buriti-MA.
O agente civil Rodrigo foi quem iniciou o trabalho de negociação com os rebelados. Logo depois, também chegou o juiz José Lima, titular da Comarca de Buriti, e o Promotor de Justiça Clodoaldo Araújo para, também, intermediarem uma saída negociada a fim de que não houvesse feridos. Ao magistrado, os presos relataram as condições inadequadas que estavam passando sem água e pediram uma solução.
Cerca de duas horas e meia depois, enfim, a situação foi controlada. Os detentos liberaram o preso que estava sob ameaça deles, identificado apenas por “Zé da Goma” (residente do Povoado Poço Verde – a 5km da sede da cidade) que foi transferido para cela 1. Todos os demais da cela 2 foram retirados para revista individual. A Polícia também fez vistoria na cela, mas não foram encontrados objetos cortantes.
Os presos quebraram o piso e forçaram as grades. A Delegacia de Buriti tem capacidade total para receber adequadamente 11 presos, porém, no total, atualmente há 23 detentos, mais que o dobro. São três dependências de uso dos presos, duas celas e uma área de banho de sol que fica completamente gradeada para evitar eventuais fugas. Atualmente, a cela 1 tem capacidade para três pessoas, mas mantém 10 detentos, e a cela 2, onde ocorreu o motim, comporta oito presos, mas está com 13.
Veja vídeos do acontecimento - Clique aqui.
O problema da falta de espaço na delegacia e de vagas em presídios não é de hoje. E a situação em Buriti é grave. Para se ter uma ideia, só em 2016 já foram registradas duas tentativas de fuga, uma em 7 de abril (CLIQUE AQUI E RELEMBRE) e outra no início deste mês, em 4 de setembro (CLIQUE AQUI E RELEMBRE), além também do caso mais chocante ocorrido no estado Maranhão, neste ano, que foi o sequestro na delegacia de dois presos suspeitos da morte do empresário Kalleu Torres que, posteriormente, tiveram seus corpos dilacerados achados na cidade de Miguel Alves/PI.(CLIQUE AQUI E RELEMBRE).
Publicidade